Um pequeno overview de como você pode tomar as finanças de casa nas suas próprias mãos e planejar o que você mais sonha – seja para você, para sua família ou para seus filhos a médio/longo prazo. Basta foco e PLANEJAMENTO!
Para quem não sabe, muito antes de ser escritora, sou também economista, com muitos anos de experiências em análises de investimentos para grandes corporações e fundos. Sempre fui muito planejada e, por isso, digo que consegui – junto com meu marido e sem ajuda de “paitrocínios” – nosso próprio apartamento em São Paulo Capital, nossos carros, pagar nossas contas.
Eu tive uma infância tranquila em termos financeiros, mas quando meus pais separaram, vi minha mãe se afundar em dívidas com o Cheque Especial e a vender jóias, esvaziar pouco a pouco a cristaleira, as pratarias e objetos de valor para que continuasse pagando nossas escolas particulares. E as coisas pareciam só piorar: ela vendeu linha telefônica, vendeu carro,…Eu tinha uns 12 anos quando comecei a perceber isso e queria dar um jeito, mas não sabia como. Meu irmão tinha de 7 para 8 anos.
Eu acompanhei o processo da minha mãe ir aos poucos pagando suas dívidas com o cheque especial que só a afundavam. Foi um processo, mas as coisas só começaram a melhorar na minha casa quando eu tinha uns 20 e poucos anos (já até tinha saído de lá).
Nisso, eu não tinha muita opção: PRECISAVA passar numa Universidade Pública. Eu já tinha recebido – à muito custo – um estudo de qualidade durante anos (estudo sempre foi uma coisa que não nos faltou), e agora estava na hora de eu andar pelas minhas próprias pernas.
Eu poderia sim começar a trabalhar em algo antes de ir para a faculdade e pagar meu próprio estudo. Era uma opção. Mas combinamos que eu queria estar nas melhores instituições e assim, sair empregada na minha área. Foi o que aconteceu. Planejamento.
Como vivi tudo isso, mesmo quando comecei a ganhar relativamente bem, eu nunca gostei de “esbanjar”. Eu soube e acompanhei o valor do dinheiro na minha própria casa durante ANOS!
Mas, diferente da minha mãe, eu comecei a me planejar não apenas para “a apagar o fogo” para manter aquilo que achava prioritário. Comecei a me organizar em planilhas para saber como eu poderia chegar lá de forma confortável.
Muitos olham para mim e dizem que: “Nossa, ela parou de trabalhar e está no site dela escrevendo, que demora para dar retorno. Eu não tenho marido para me sustentar!”. Pois é, o que poucos sabem é que, com planejamento (e juntando parte do que ganha por um tempo), qualquer pessoa pode abrir seu proprio negócio com mais segurança, visto que muito poucos empreendimentos geram retorno sobre o investimento imediato.
Eu posso dizer que me planejei e, nesse tempo que parei de trabalhar no mundo corporativo, pouquíssimas vezes precisei recorrer ao dinheiro do meu marido para as minhas coisas, mesmo sabendo que ele não iria se importar se isso acontecesse, pois somos um casal e parceiros.
Então, para mostrar que isso não é mágica, vou propor para vocês um exercício muito simples de identificar (mas nem tão fácil de executar), mas que se vocês fizerem direitinho, também chegarão aonde quiserem – ao de adequar os rendimentos familiares às necessidades indispensáveis, identificar e eliminar gastos supérfluos, planejar compras futuras evitando juros e assim conseguir realizar objetivos de vida a médio e longo prazo.
Organizando as receitas e gastos da família – Orçamento
Premissa básica para organizar as contas: ser racional quando se trata de dinheiro e marcar tudo o que entra e sai!
As vezes a gente sai e compra coisas que nem precisamos. Isso nos satisfaz no momento, mas muitas vezes faz doer a cabeça a noite (“Poxa, eu não poderia gastar com isso”). Isso acontece pois somos muito propensos a acreditar que o consumo nos coloca num status (ego) ou nos causa um bem estar. Claro! Estamos a toda hora sendo bombardeados por propagandas e pelas mídias sociais, com roupas lindas, lugares maravilhosos e, como humanos, temos vontades!
Porém, temos que olhar a publicidade como fator “as is”(ela existe, afinal, todos tem contas para pagar e fazer seus planejamentos financeiros), mas como seres críticos que somos, precisamos parar e avaliar “isso realmente facilitará minha vida?”, “preciso mesmo disso”, “comprando essa coisa que fulaninha postou no instagram dela, eu terei algum benefício que supere ao rombo que fará no meu orçamento?”. O CONSUMO DEVE SER SEMPRE RACIONAL!
Teoricamente, é muito simples. Na vida real, torna-se difícil pois somos humanos e muitas vezes cortar gastos dói. Combinar isso num ambiente familiar, onde você tem que dizer aos filhos que terão que abrir mão de coisas que eles curtem com a turminha, pode não ser nada fácil. Mas tem que ser um objetivo de todos, alcançar algo melhor e maior a médio e longo prazo. A família deve se comportar como um time unido para isso.
Na prática, basta um caderno ou planilha excel onde se possa visualizar o Orçamento Total daquela família, as despesas totais e o SALDO disso é o quanto se economizou ou o quanto deverá para banco/cartão de crédito/ amigo… Quando o saldo é negativo, muitos acabam entrando numa bola de neve com o banco, cartões de crédito (ao buscarem essa captação de recursos que faltou com juros altos), o que acaba sempre interferindo na saúde financeira daquele lar.
Quando isso acontece, é preciso observar atentamente para os itens que compõe essa conta maior RENDIMENTO – DESPESAS. Abrir esses itens. E cortar o que é, em primeiro plano, supérfluo e, em segundo plano, reduzir os variáveis.
Como assim?
EXEMPLOS DE RENDIMENTOS E DESPESAS FIXAS OU VARIÁVEIS
- Rendimentos fixos: renda de salários CLT, pensão, mesada, aposentadoria…
- Rendimentos variáveis: rendas extras, como prestação de serviços, % de vendas, renda comissionada, dividendos, receitas financeiras.
- Despesas fixas: aluguel, prestação da casa, prestação do carro, planos de saúde, mensalidades de escolas e cursos.
- Despesas variáveis: água, luz, telefone, celular, medicamentos, compras, laser, abastecimento dos automóveis,…
FAZENDO O ORÇAMENTO VIRAR PLANEJAMENTO
Planejamento é quando se tem algo em mente lá na frente: quero comprar um carro à vista. Ou então, quero guardar dinheiro para a faculdade do meu filho lá na frente. Para isso preciso economizar X por mês. Isso só é possível através do acompanhamento mês a mês de todas as contas da casa.
Fez uma reavaliação, cortou o que era supérfluo e:
- Sobrou dinheiro? Bora aplicar? Poupança, fundos, previdência,… (se quiserem, depois abordo mais isso)
- Faltou dinheiro? Vamos reavaliar todos os gastos do mês, rever o que pode ser cortado ainda. Às vezes é preciso dar um passo para trás para dois para frente. Ah: antes que saia fazendo dividas no cartão de crédito (que é de longe um dos mais onerosos que existem), veja com o banco se não há um empréstimo mais barato. Tente nunca pagar só a parcial dos cartões. Se quiserem, depois faço um post só sobre isso para vocês.
Um beijo, Marrie.
Economize também:
Com a lista de supermercado
Com as fraldas
Fazendo você mesma convite para festinhas
DIY: Papelaria para festa usando softwares gratuitos e impressora comum
Entendendo quanto se gasta com uma criança
Gastos básicos nos primeiros anos de vida do bebê, planilhas excel e infográfico
Muito obrigado pela planilha para download. Adorei, vai ser muito útil para mim. Eu sou uma mulher muito poupadinha e gosto de ter tudo bem organizado. Aproveito também divulgar um estudo que estou a realizar na plataforma Expressão da Câmara de Deputados sobre quando gastamos mensalmente no supermercado: https://edemocracia.camara.gov.br/expressao/t/quanto-gastam-por-mes-no-supermercado/62508
Muito obrigado Marrie, continuação de um excelente trabalho 🙂
Oi Marrie! Adorei as dicas!! Só não encontrei o arquivo excel! Bjs ♥
Marrie, eu já comentei com você que também sou uma pessoa bastante econômica. Aprendi os rudimentos disso com meus pais, que são muito cuidadosos com as finanças. As economias deles sempre possibilitaram que conseguíssemos viajar no fim do ano , mesmo sendo de classe média baixa. E isso vale muito para o convívio com os filhos.
Uma dica boba que eu aprendi (mas acho excelente) é andar com uma sacolinha dentro da bolsa e ir colocando os comprovantes de débito e crédito dentro dela. Quando chegar em casa, coloque todas essas despesas variáveis na planilha. È uma forma de não esquecer, pois muita gente acaba esquecendo de anotar a informação no caderninho.
Obrigada pela planilha (é mais bonita e mais organizada do que a que eu tinha) e obrigada por compartilhar seu conhecimento em economia de maneira tão clara e prática. Beijos.