Por que o nome Jardim de Infância?

Você sabe por que Jardim de Infância? Jardineiro semea e cuida, para florir. Carpinteiro molda. Ao invés de tentar moldar as crianças em um determinado tipo de adulto no futuro (meu filho será médico, engenheiro, economista,…), da mesma forma como um carpinteiro pode moldar uma cadeira, os pais devem pensar em seus filhos como uma planta em um jardim, livre para crescer como eles gostam e os fazem completos, felizes. 

Sobre talhar ou dar condições para desabrochar…

“Por que Jardim de Infância?

O Jardineiro busca o melhor solo para que cada uma de suas sementes tenham condições de se desenvolver, cultivando cada uma de suas flores de forma única.

Protege-as para que os bichos não infestem a plantação.

Está sempre ali por perto, podando as ervas daninhas.

Pode até podar a própria planta, mas sempre a conduzindo para o crescimento e beleza do Jardim, mas em nada mudando a essência daquilo que forma aquela flor.

O Jardineiro entende que cada flor tem sua época para florescer. Que algumas gostam de muita água, outras pouca. Respeita sua essência e necessidades.

Os carpinteiros transformam madeiras em belas obras de arte, para que ilumine os olhares e, para isso, lapida a madeira maciça, em seu estado natural, em algo que deseja, mas não propriamente deixando coexistir a Madeira. Quando o estado da arte vem, a essência da Madeira pode ter-se ido.

Jardineiros e carpinteiros: Ambos produzem beleza, transformam. Mas reflita: como pais, seremos pessoas que conduziremos nossos filhos para o que NÓS achamos ser melhor para eles ou respeitaremos sua essência, dando-lhes todo o suporte para que desabrochem na sua própria beleza?

As flores, os móveis lapidados. Ambos são belos. Mas qual seria o mais original?

O que te deixaria mais feliz: seu filho talhado à padrões pré estabelecidos ou desabrochado em suas potencialidades intrínsecas”

Por Marrie Ometto, autora de “Desapareci ao Virar Mãe, Mas Reencontrei-me”, disponível para vendas na Amazon (link http://bit.ly/livrodesapareciaovirarmae), Editora Bianch e Livraria Cultura.

Como pais, não podemos controlar como será o futuro de nossos filhos, em como eles serão “talhados” pelo mundo.

A autora do livro “The Gardener and the Carpenter : What the New Science of Child Development Tells Us About the Relationship Between Parents and Children”, Alison Gopnik, professora de psicologia na Universidade da Califórnia em Berkeley, dirige um laboratório de ciências cognitivas e, após muita pesquisa, diz que os pais devem parar de se preocupar com minúcias da maternidade, como “deixo o carrinho virado para frente ou para trás?”, “dorme na cama, no berço ou junto comigo?”.

Ela diz que, crianças – não bebês – podem sim ter momentos de ócio, em que serão convidadas a inovar, assim como quando as crianças se organizam num jogo qualquer, então não é sobre apenas estarem aprendendo uma nova modalidade esportiva, mas também estão aprendendo quem é um líder, que é jogador, como dividir as pessoas.

A mesma lógica se aplica a crianças pequenas. O melhor que um pai ou mãe pode fazer por um filho é continuar tudo o que está fazendo em sua rotina no dia a dia, mas num ritmo mais lento, sem o modo automático em que entramos nessa vida moderna, para que a criança possa acompanhá-los: seja cozinhando, arrumando, ou simplesmente cuidando os animais da casa. Você não precisa parar tudo o que está fazendo para brincar com O-QUE-É-PRECISO-QUE-A-CRIANÇA-BRINQUE-PARA-SE-DESENVOLVER-BEM-NAQUELA-FASE. É sobre fazer com que as crianças se interessem pelo que circunda sua rotina e como ela acontece, num ritmo totalmente diferente do adulto, claro, e de forma livre, para que possa formar sua própria visão de mundo e de como fazer as coisas. Nada mais especial e ecorajador para uma criança do que ela se sentir capaz e útil. E nada mais criativo do que o ócio.

Ao invés de tentar moldar as crianças em um determinado tipo de adulto no futuro (meu filho será médico, engenheiro, economista,…), da mesma forma como um carpinteiro pode moldar uma cadeira, os pais devem pensar em seus filhos como uma planta em um jardim, livre para crescer como eles gostam e os fazem completos, felizes. E nem tente se enganar: nada de manipular como orquídeas em uma estufa.

O excesso de pais fazendo tudo pode estar criando uma geração com medo de ficar sozinha.

E não é sobre amor não. Amor demais não estraga. Mas fazer tudo pelo outro e moldar essa pessoa, isso pode sim ser prejudicial.

Como um tradicional jardineiro, não há fórmulas para criar filhos, apenas que respeite-se a essência daquela semente e o ambiente onde se está semeando.

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