Minha maior luta como mãe é comigo mesma. Lutar contra a exaustão física e mental e ainda assim ser paciente como um monge. Uma boa mãe.
Ser o melhor de nós mesmos lutando contra situações fisiológicas extremas, num paradoxal amor x cansaço. Explosão x culpa. Exercer inúmeras funções-diante de cobranças, pedidos sem fim e falar 10milhões de vezes a mesma coisa sem ser escutada -e ainda, no fim do dia, ter a nítida sensação de não ter feito nada.
O trabalho sem fim, a louça na pia, a roupa na máquina, os brinquedos por todo o lado, falta de tempo para almoço, para banheiro sem supervisão, chuveiro sem ouvir o filho chorando (mesmo quando ele não está), cachorros pedindo atenção e as crianças espalhando brinquedos pela casa parecem comprimir o meu cérebro e não me sinto nada orgulhosa em perder a paciência.
A real é que eu não aguento o tranco. Não me orgulho, mas sai uns gritos sim. Não gostaria, mas fico impaciente. E é exatamente contra essas coisas que mais tento lutar diariamente.
Ser mais paciente, um pouquinho mais – a cada dia. Luto em relação a isso desde que tive minha primeira filha, e com dois, parece que surto ainda mais.
Busco por respirar fundo, olhar para aqueles sorrisos inocentes e tentar não surtar quando, pela milésima vez, ouvir choros ou “mamãe pega isso/faz aquilo/to com fome…”
Ser forte para, mesmo mais calma, saber dizer NÃO a quem mais ama nesse mundo. O não mostra limites e educa.
Luto também pelo discernimento, afinal a “sabedoria do NÃO” é o oposto de “só dizer NÃO”. Negociação também é fundamental. Nessas minhas lutas diárias comigo mesma, defini que higiene, saúde e educação são indiscutíveis, irredutíveis, inegociáveis. Não há argumentos ao fato de que é necessário escovar os dentes após as refeições. O resto, deixo que exercitem a argumentação.
O fato mais doido disso tudo é que, no fim do dia, mesmo tendo tentado com todas as forças ser uma boa mãe, a conta – e a culpa – chega.
Maldita culpa! No que ajuda nessa nossa luta interna?
E nesse meu mantra diário do TENHA-PACIÊNCIA-FORÇA-DISCERNIMENTO-RESPIRE-FUNDO, surge a constatação de que – afinal – não sou um buda, existo na mais plena e imperfeita essência do ser humano comum de carne e osso. Só para dificultar a situação – e a equação – do ser uma “boa mãe” da maneira que muitas nós cobramos.
Ahhhh, se fosse tão prático e lógico como a matemática! Certamente após tantas reflexões, já teria decifrado a mais cabulosa equação do amor X cansaço. Explosão X culpa. Do “boa mãe” “as is”.
E matando uma ou mais culpas por dia, o sol se põe, o dia passa, a folhinha do mês vira, o ano voa e as crianças crescem. Tão rápido e voraz que e, ao olhar para trás, aquela nostalgia: “foi num piscar de olhos”.
Um beijo, Marrie
Leia também:
https://www.mamaeplugada.com.br/2016/05/o-grito-e-a-culpa/
https://www.mamaeplugada.com.br/2016/02/texto-sobre-o-nada-materno/
Fernanda
28 de junho de 2018 at 21:20estou aos prantos… obrigado pela sinceridade e por compartilhar
Rachel
13 de janeiro de 2018 at 11:34Me identifiquei mto nesse texto !!!
Luana
12 de janeiro de 2018 at 17:26Querida me fizeste chorar! Descreveu piamente meus dias. Têm sido exatamente conforme descrito em tuas sinceras e poéticas palavras…
A dor e a delícia de ser o que somos; mães!
Tenho uma filha de 3 e dois bebês gêmeos de 1ano. Há dias em que acho que não vou sobreviver. Em outros sento no chão e agradeço por essa vida louca e linda que tenho graças à eles.
Dianee Costa
12 de julho de 2017 at 09:25Jaqueline Pinheiro Siqueira Maia olha q interessante
Natalia Gallego Bianco
9 de julho de 2017 at 06:41Graziela Bianco
Lívia Ferreira Gomes
9 de julho de 2017 at 00:44