Minha maior luta como mãe é comigo mesma. Lutar contra a exaustão física e mental e ainda assim ser paciente como um monge. Uma boa mãe.
Essa é a maior batalha. Ser o melhor de nós mesmos lutando contra situações fisiológicas extremas, num paradoxal amor x cansaço. Explosão x culpa. Fazer milhões de coisas e no fim do dia ter a nítida sensação de não ter feito nada.
A louça na pia, a roupa na máquina, os brinquedos por todo o lado, falta de tempo para almoço, para banheiro sem supervisão, chuveiro sem ouvir o filho chorando (mesmo quando ele não está), cachorros pedindo atenção e a criança em pleno terrible quase três parecem comprimir o meu cérebro e não me sinto nada orgulhosa em perder a paciência. Quem sentiria?
A real é que eu, muitas vezes, não aguento o tranco. Não me orgulho, mas sai um grito ou outro sim. Não gostaria, mas fico impaciente. E é exatamente contra essas coisas que mais tento lutar diariamente.
Ser mais paciente, um pouquinho mais – a cada dia.
Ser um pouco mais tranquila – com os detalhes, a ordem da casa, o controle de onde está tudo – afinal, são apenas coisas. E materiais, portanto, secundárias.
Respirar fundo, olhar para aquele sorriso inocente e tentar não surtar quando pedir pela décima vez outro copo de suco, que você ainda não trouxe o certo.
Ser forte para, mesmo mais calma, saber dizer NÃO a quem mais ama nesse mundo. O não mostra limites e educa.
Luto também pelo discernimento, afinal a “sabedoria do NÃO” é o oposto de “só dizer NÃO”. Negociação também é fundamental. Nessas minhas lutas diárias comigo mesma, defini que higiene, saúde e educação são indiscutíveis, irredutíveis, inegociáveis. Não há argumentos ao fato de que é necessário escovar os dentes após as refeições. O resto, posso deixar minha pequena de poucos anos de vida soltar o argumento na negociação. E como negociam!
O fato mais doido disso tudo é que, no fim do dia, mesmo você tendo tentado com todas as forças ser uma boa mãe, a conta chega e a pergunta se poderia ter sido melhor (culpa) vem.
Maldita culpa! No que ajuda nessa nossa luta interna?
E matando uma ou mais culpas por dia, o sol se põe, o dia passa, a filhinha do mês vira e o ano voa. Tão rápido e voraz que e, ao olhar para trás, aquela nostalgia: “Meu Deus, como passou rápido! Parece que nem vi”.
Um beijo, Marrie
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https://www.mamaeplugada.com.br/2016/02/texto-sobre-o-nada-materno/
estou aos prantos… obrigado pela sinceridade e por compartilhar
Me identifiquei mto nesse texto !!!
Querida me fizeste chorar! Descreveu piamente meus dias. Têm sido exatamente conforme descrito em tuas sinceras e poéticas palavras…
A dor e a delícia de ser o que somos; mães!
Tenho uma filha de 3 e dois bebês gêmeos de 1ano. Há dias em que acho que não vou sobreviver. Em outros sento no chão e agradeço por essa vida louca e linda que tenho graças à eles.
Jaqueline Pinheiro Siqueira Maia olha q interessante
Graziela Bianco