Ensinando valores, não apenas palavras soltas, vazias, sem o significado real delas…
Sempre que vejo duas crianças brigando, logo já percebo um pai ou mãe chegando e dizendo: “Peça desculpas ao seu amiguinho!”. Se o educador não o faz, as pessoas acabam soltando farpas de julgamentos a ela.
Ok. A criança pede sim desculpas. Mas não aprende o perdão. Aquilo NÃO SIGNIFICOU ABSOLUTAMENTE NADA para ela. Apenas que deve obedecer. Ou pior: que “os pedidos de desculpas” devem ser ditos por obrigação. Além do sentimento gerado de incompreensão, e a vergonha por ter que dizer algo que não concorda, por pura submissão.
Já presenciei, não apenas uma vez, pessoas dizendo (ou gritando assim): “Peça desculpas já!”. A criança, numa mistura de acanhamento e raiva, diz: “Não vou!”. E aí, outra briga se instaura e nada é apreendido.
Não estou dizendo que a criança precise ser compreendida no seu mal comportamento. Mas que a situação deve ser compreendida, para que a correção seja mais efetiva.
Pense bem: Quando você está irritado, prontamente já pede desculpas à pessoa que está discutindo? Ou, ao contrário, vai para casa, toma um banho, pensa no ocorrido e, depois, todos de cabeça fria, conversam e o pedido de desculpas surge como algo intrínseco do coração?
Uma criança não é um mini adulto. Seus conflitos não sao como os nossos. Não precisam ir para a casa para a raiva passar. Geralmente, passa rapidamente. Então por que não dar esse tempo? Dependendo da situação, 5 minutos são milagrosos!
Clara (2 aninhos) é uma criança que, hoje, pede desculpas para tudo.
Eu não mando ela pedir, mas, como o exemplo é a melhor forma de educar, eu sou uma pessoa que uso muito as palavrinhas mágicas na rua, com aqueles que sequer conheço: “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “oi”, “muito obrigada”, “com licença”, “desculpas”.
Ela aprendeu assim. Nunca obriguei. Acho, inclusive, que ela também ainda não aprendeu o significado do pedir perdão, aquele que vem lá de dentro.
Mas, de observar discussões sabias, negociações que eu e meu marido no dia a dia fazemos, gostamos também de mostrar a ela como nos desculpamos. Assim, através de outro exemplo, desta vez mais profundo, ela aprende o significado real do perdoar e de ser perdoado.
Ah, mas e quando ela briga? Como você reage? Ou reagiria, já que sua filha é pequenina?
Confesso que já obriguei (é tão cultural!), mas depois de muito refletir, não obrigo mais. Separo. Espero a euforia baixar e em seguida, calmamente falo a ela: “não é bacana o que aconteceu”. Ela ainda é pequena (2 aninhos), mas daqui para frente, não apenas não obrigarei a pedir desculpas, afinal não quero que ela ponha para fora palavras vazias (honrar a palavra, o que diz, é nobre). Mas farei o possível para que ela compreenda que o que acabou de fazer não é digno de orgulho e, que se ela também perceber isso, que peça desculpas, pois isso sim é um motivo e tanto de orgulho: dizer algo com sentimento, real.
De repente, num momento desses, caso a criança sinta-se envergonhada em pedir desculpas sem ter sido mandada (acredite, isso acontece e muito) a mãe pode sugerir: Olha, leve essa sua bola para seu amigo brincar. Pode ser um pedido de desculpas, né?
Lembre-se: Mostrar que compreende seu filho não significa concordar com seu ato e sim é um poderoso mecanismo para poder melhor ajudá-lo a entender que aquilo que fez é errado e merece ser revertido/corrigido. E que, se ele tem responsabilidade sobre o ato, deve desfazê-lo.
Educação não precisa necessariamente ser imposta. Você ensinar seu filho através do entendimento de seus próprios sentimentos, é uma forma de educação.
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Discordo. Por isso há uma geração que não reconhece seus erros e vive escondida na barra da saia da mãe.
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