Por que perece tao difícil a gente se priorizar? Por que passamos tudo e todos na nossa frente e isso acaba se tornando um vício?
Vou me abrir mais um pouco com vocês: Nessa fase de não me aceitar exatamente como era, com a justificativa de ter muitos afazeres, fui me jogando pro fim da fila. Tudo passava na frente: maternidade, casa, trabalho, relacionamento. E eu era varrida pra debaixo do tapete, como algo que ninguém veria, mas estaria lá, para algum dia ser devidamente olhada.
Assim fui dando conta da reforma, da educação da cria, do relacionamento, mas ganhando um pouquinho de peso por dia. No corpo, no dia a dia. Aquele peso que eu carregava, começou a grudar em mim. Pois, além de me colocar “no fim da fila”, eu me recompensava na calada da noite, quando todos já estavam “cuidados”, com um chocolate, uma batata pringles, uma coca cola. E pensava: “eu mereço algo por mim” onde, na verdade, estava me entorpecendo de coisas que só me fariam mal. E isso foi virando um vicio!
Mais peso, maior o problema da minha hérnia de disco (Antroposofia e Psicossomática concordam que carregar um peso nas costas podem afetar saúde). E, mesmo parecendo muito alto astral, por que raios eu não cuidava direito de mim? Por que todo mundo era bem cuidado em casa, e eu queria me intoxicar com aquelas porcarias?
O curso de Psicanálise me ajudou a perceber o que estava fazendo comigo, como uma auto-análise (valeu @vanessazanuzzi), a Lis (@fisiolis) com seu mantra “eu me amo, me aceito, estou segura como sou, para aí me transformar” em cada encontro de fisioterapia e pilates, me fez cair a ficha. Eu que me achava bem resolvida, era nada. No meu reencontro, já estava me desencontrando de novo.
E aí comecei a não ler mais o que me fazia mal, não mais me culpar tanto, não seguir mais perfis que exalam ditadura de padrões estéticos, não mais fazer coisas para apenas agradar, não mais gastar para me satisfazer. E, nessa onda, por que eu continuaria ingerindo o que não me faz bem?
Não dá tempo de me cuidar por que não tenho uma rede de apoio na maternidade?Dei um jeito. Qdo queremos de verdade, pra tudo se dá jeito.
Toda noite, depois que fiz tudo, minha mente e eu brigamos sobre o chocolate. Sobre a pringles. Sobre o que ela diz que eu mereço e eu, com minha senha para fila prioritária da minha vida, sei que não me faz bem.
É uma luta. Parece um vicio se deixar pra trás. E tem que ser dado um passo por dia!
Por Marrie Ometto, autora de “Desapareci ao Virar Mãe, Mas Reencontrei-me”, disponível para vendas na Amazon (link http://bit.ly/livrodesapareciaovirarmae), Editora Bianch e Livraria Cultura.
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